Como a corrupção afeta a positividade nas empresas

Como a corrupção afeta a positividade nas empresas

Por Cicero Domingos Penha

A mídia nos traz, todos os dias, notícias dos bilhões de reais surrupiados dos cofres públicos brasileiros pela corrupção. Os especialistas calculam os prejuízos na balança comercial e no PIB pelos dados frios da matemática. Esquecem de mencionar o prejuízo maior que é o custo incalculável da baixa produtividade causada pelos abalos emocionais que as notícias ruins e os solavancos das medidas restritivas causam na psique do ser humano.  A corrupção, e tudo aquilo que a acompanha hoje no Brasil, afeta a vida do cidadão de bem e fulmina a autoestima daquele que trabalha porque ameaça seu emprego, coloca em risco a capacidade de prover sustento para sua família e lhe faz perder as perspectivas de futuro.

Agora, imagine quando essa situação afeta a maioria da população economicamente ativa como vem ocorrendo.  Tem-se um prejuízo muitas vezes maior que os bilhões de reais roubados dos cofres públicos por aqueles que deveriam ser exemplos de retidão.  Um verdadeiro assalto à fé e à esperança do cidadão. Quem consegue calcular este prejuízo? Quanto vale, por exemplo, a vergonha e os constrangimentos pelos quais passaram e vem passando os milhares de empregados batalhadores e honestos das empresas citadas em envolvimento na Operação Lava Jato?  Quanto vale o prejuízo moral de milhares de trabalhadores de centenas de empresas pelo Brasil colocados na rua pela retração da economia decorrente do roubo e da incompetência dos gestores públicos? Quanto custa o roubo da esperança de milhares de pais e mães de famílias de verem seus filhos com uma perspectiva melhor?

Quando se rouba a fé e a esperança de um povo há aí um crime de lesa pátria. Algo pelo qual deveriam pagar muito caro.

O ambiente empresarial, com algumas exceções é, hoje em dia, uma praça de guerra pela sobrevivência. Nunca se lutou tanto com o objetivo de conseguir os resultados necessários para manter-se, pelo menos, com as portas abertas esperando dias melhores. A insana corrida pelos resultados, aliada aos efeitos da corrupção e da má gestão pública que resulta em alta de impostos, corte de direitos trabalhistas, redução de quadros e mais uma gama de notícias ruins vindas do poder central, têm minado a motivação de quem trabalha. Toda essa carga negativa aliada a Síndrome do Pensamento Acelerado-SPA muito bem descrita pelo médico psiquiatra Augusto Cury em seu livro “Ansiedade, como enfrentar o mal do século”, fere a autoestima da pessoa e leva-a a diminuir a fé nos resultados do seu próprio trabalho, a questionar se vale a pena tanto sacrifício e o pior, para muitos leva embora a esperança no futuro da carreira. Os efeitos são percebidos no crescente número de afastamentos do trabalho, no crescente turnover, no mau humor, no automatismo de pessoas, no aumento do uso de psicotrópicos e nos consultórios psiquiátricos lotados de gente à procura de ajuda. Quando a ansiedade se junta com a desesperança a depressão é consequência certa. Mas, por outro lado, as organizações, precisam cada vez mais de positividade interna para sustentar suas estratégias. Positividade no ambiente corporativo é sinônimo de credibilidade na empresa e nos seus dirigentes. E lugar onde reina positividade, mesmo diante das pequenas derrotas e noticias desfavoráveis, é onde há gente entusiasmada com o que faz, com alegria no trabalho e fé na própria capacidade de melhorar e crescer a cada dia. É chegado o momento das corporações, trabalharem internamente o resgate da positividade, mesmo nadando contra a maré. Começa com seus dirigentes que não podem perder o espirito empreendedor, passa pela capitalização das boas notícias e as comemorações das pequenas vitórias.

Por isso, aqui vai um alerta: as áreas de RH e as lideranças das empresas vão precisar de muita força de vontade, paciência, flexibilidade e muito trabalho para manter o moral das equipes elevado. Muito além dos programas motivacionais clássicos, a fórmula deve ter como ponto de partida o propósito e os valores da organização. Conciliar desafios viáveis com acolhimento e encorajamento. Os líderes, desde o supervisor até o presidente, precisam demonstrar atitudes coerentes com o discurso de eventuais contenções e também com ensinamentos e conversas diárias encorajem os seus liderados a acreditarem em si próprios e na superação dos desafios. Os líderes precisarão mostrar que estão juntos acreditando em melhores dias. Terapia ocupacional mesmo!

Cicero Domingos Penha é Presidente da SER HUMANO CONSULT

2019-02-11T10:11:12+00:00 21/06/18|